Vórtice

Um microblog criativo

A Preparação do Diretor é uma dessas leituras que não soltam da pele.

Anne Bogart mergulha de cabeça nos desafios do fazer teatral e fala com uma franqueza rara sobre a coragem de criar arte.

Ela identifica sete forças — parceiras e inimigas do processo criativo — que, se bem escutadas, podem se tornar fontes poderosas de energia: violência, memória, terror, erotismo, estereótipo, timidez e resistência.

Cada uma dessas palavras carrega um vulcão dentro. E, segundo Bogart, o segredo está em entrar em parceria com elas.

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Escrever teatro, às vezes, é como tentar pentear o vento.

Você senta cheia de boas intenções, papéis em ordem, cafuné no ego. Aí a ideia vem — aquela que parece brilhante, vibrante, cheia de futuro. Você até sorri.

Três páginas depois, tá brigando com um personagem que insiste em virar coach de autoajuda.

É isso. Bem-vinda ao processo.

Porque escrever teatro não é só colocar falas em bocas imaginárias. É escutar o que não é dito. É prestar atenção no silêncio entre uma frase e outra.

É entender que o corpo também fala — e que, muitas vezes, ele grita.

A gente começa achando que vai conduzir a história, que vai amarrar tudo bonitinho com começo, meio e fim.

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Escrever, às vezes, é menos sobre o que a gente tem a dizer e mais sobre o que a gente precisa escutar. É como cavar um poço no escuro, com a esperança de encontrar água – mesmo sem saber se ela existe.

Tem dia que a gente cava com fúria, outros com preguiça, outros ainda só encosta a pá no chão e fica olhando o nada, esperando um sinal.

Processo criativo é isso: um pacto com o invisível.

Um compromisso com o vazio.

A gente escreve não porque sabe o que vai sair, mas porque algo insiste em querer sair, mesmo que sem forma, sem começo, sem fim.

E tem aquele momento precioso – raro, mas real – em que o texto começa a escrever a gente. Quando você percebe que não tá mais empurando palavras, mas sendo puxada por elas.

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